Terça feira de sol forte. Praia vazia - que Santos não é Salvador. Sombra fresca na barraca da Tia Baiana fazedora do melhor acarajé de todos os tempos. O moço moreno alto chega do nada e fica de costas enquanto espera a cerveja. Quando vira ... o cabelo negro cai espalhado num franjão na testa que ele tira de cima dos olhos com a mão. Mão de jogador de volei. Corpo de tenista. Voz de terapeuta. "Olhos negros cruéis tentadores". Seu nome? Ele responde: "Um assovio, um sopro". Como assim? "Zé". Zé Augusto. Dono de um Camaro prateado - o carro que já era quase uma lenda! [geeeeente ... eu sou uma senhora!!!] Foi o dia mais longo da minha vida. Demorou umas 80 horas pra virar dia seguinte. Zé Augusto chorou quando contou que praticava tiro ao pombo - e que ía parar. Sonho, continuou sonho quando depois de um tempo longe [já eram tempos modernos aqueles] eu ligo e uma voz atende o telefone na casa dele. Me diz que Zé Augusto não mora mais lá. Shiiii ... e vc tem o telefone novo dele? Ele não tem telefone. Ele morreu.